Elegia 4h361

A elegia é um texto poético de caráter melancólico. Pode ser amorosa, filosófica, fúnebre, heroica, moralista ou religiosa. Poetas como Petrarca e Goethe escreveram elegia. 15432g

 Elegia é um texto lírico que possui conteúdo melancólico, triste. A elegia amorosa ou erótica apresenta sofrimento amoroso. A filosófica reflete sobre a espiritualidade. A fúnebre lamenta a morte. A heroica mostra elementos bélicos. A moralista enaltece os valores morais. E, por fim, a religiosa fala sobre a brevidade da vida, o pecado e a culpa. 20406x

Leia também: Ultrarromantismo — movimento marcado pelo pessimismo e pela forte tendência depressiva

Resumo sobre elegia 56b5l

  • A elegia é um texto poético com temática de teor melancólico, triste.

  • A elegia pode ser amorosa, filosófica, fúnebre, heroica, moralista ou religiosa.

  • Fizeram elegia escritores como Ovídio, Petrarca, Verlaine, Shelley e Goethe.

  • No Brasil, autores como Cecília Meireles e Vinicius de Moraes escreveram elegia.

O que é elegia? 241qc

A elegia é um tipo de poesia cuja temática está associada à tristeza, ao lamento.

Quais são as características da elegia? 51w4h

Estrutura da elegia clássica:

  • dístico elegíaco;

  • verso 1: hexâmetro;

  • verso 2: pentâmetro.

Com o decorrer do tempo, a elegia ou a ser definida não mais pela sua estrutura e sim pela sua temática:

  • lamúria;

  • lágrimas;

  • sofrimento;

  • tristeza;

  • melancolia;

  • desgraças;

  • morte.

Veja também: O que é um soneto?

Quais são os tipos de elegia? 535347

TIPO

TEMÁTICA

Amorosa, erótica

Sofrimento amoroso

Filosófica

Espiritualidade

Fúnebre

Lamúria pelos mortos

Heroica

Guerra

Moralista

Grandeza moral

Religiosa

Fragilidade da vida, pecado, culpa

Exemplos de elegia 5cm5d

No poema Elegia, de Mario Quintana, o eu lírico utiliza um tom melancólico para falar das coisas do cotidiano. Elementos tristes são mencionados, como — uma “velhinha sozinha numa gare”, a “mais absoluta viuvez”, “recordações das solteironas”, um “cachorro anônimo que resolve ir seguindo a gente pela madrugada na cidade deserta”:

Há coisas que a gente não sabe nunca o que fazer com elas...
Uma velhinha sozinha numa gare.
Um sapato preto perdido do seu par: símbolo
Da mais absoluta viuvez.
As recordações das solteironas.
Essas gravatas

De um mau-gosto tocante
Que nos dão as velhas tias.
As velhas tias.
Um novo parente que se descobre.
A palavra “quincúncio”.
Esses pensamentos que nos chegam de súbito nas ocasiões mais impróprias.
Um cachorro anônimo que resolve ir seguindo a gente pela madrugada na cidade deserta.
Este poema, este pobre poema
Sem fim...

Porém, o poema apresenta também uma característica que não é típica da elegia, isto é, estes versos irônicos: “Essas gravatas/ De um mau-gosto tocante/ Que nos dão as velhas tias/ As velhas tias/ Um novo parente que se descobre/ A palavra “quincúncio”/ Esses pensamentos que nos chegam de súbito nas ocasiões mais impróprias”.

Já no trecho a seguir do longo poema Elegia lírica, de Vinicius de Moraes, é possível apontar a melancolia elegíaca em versos como — “Triste, mas tão real e evocativa como uma pintura”, “Cheguei a querê-la em lágrimas, como uma criança” e “Que o pranto me transporta sobre o mar”:

Um dia, tendo ouvido bruscamente o apelo da amiga desconhecida
Pus-me a descer contente pela estrada branca do sul
E em vão eram tristes os rios e torvas as águas
Nos vales havia mais poesia que em mil anos.
[...]


E acima de tudo me abençoava o anjo do amor sonhado...
Seus olhos eram puros e mutáveis como profundezas de lago
Ela era como uma nuvem branca num céu de tarde
Triste, mas tão real e evocativa como uma pintura.

Cheguei a querê-la em lágrimas, como uma criança
Vendo-a dançar ainda quente de sol nas gazes frias da chuva
E a correr para ela, quantas vezes me descobri confuso
Diante de fontes nuas que me prendiam e me abraçavam...
[...]

“Ó
Crucificado estou
Na ânsia deste amor
Que o pranto me transporta sobre o mar
Pelas cordas desta lira
Todo o meu ser delira
Na alma da viola a soluçar!”
Bordões, primas
Falam mais que rimas.
É estranho
Sinto que ainda estou longe de tudo
Que talvez fosse cantar um blues
Yes!
Mas
O maior medo é que não me ouças
Que estejas deitada sonhando comigo
Vendo o vento soprar o avental da tua janela
Ou na aurora boreal de uma igreja escutando se erguer o sol de Deus.
Mas tudo é expressão!
Insisto nesse ponto, senhores jurados
O meu amor diz frases temíveis:
Angústia mística
Teorema poético
Cultura grega dos eios no parque...

No fundo o que eu quero é que ninguém me entenda
Para eu poder te amar tragicamente!

Saiba mais: 5 consagrados poemas de amor de Vinicius de Moraes

Autores de elegia mais famosos 4a2861

  • Na Grécia:

    • Arquíloco (680-645 a. C.)
    • Simónides (556-468 a. C.)
  • Em Roma:

    • Catulo (84-54 a. C.)
    • Tibulo (54-19 a. C.)
    • Propércio (43 a. C.-17 d. C.)
    • Ovídio (43 a. C.-18 d. C.)
  • Na Itália:

    • Petrarca (1304-1374)
    • Giacomo Leopardi (1798-1837)
  • Na França:

    • François Villon (1431-1463)
    • Pierre de Ronsard (1524-1585)
    • Alphonse de Lamartine (1790-1869)
    • Paul Verlaine (1844-1896)
  • Na Inglaterra:

    • John Milton (1608-1674)
    • Shelley (1792-1822)
  • Na Alemanha:

    • Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)
  • Na Espanha:

    • Jorge Manrique (1440-1479)
    • Garcilaso de la Vega (1503-1536)
    • Federico García Lorca (1898-1936)
  • No Chile:

    • Pablo Neruda (1904-1973)

  • Em Portugal:

    • Sá de Miranda (1481-1558)
    • Luís de Camões (1524-1580)
    • Manuel du Bocage (1765-1805)
    • Fernando Pessoa (1888-1935)
  • No Brasil:

    • Fagundes Varela (1841-1875)
    • Cecília Meireles (1901-1964)
    • Mario Quintana (1906-1994)
    • Vinicius de Moraes (1913-1980)

Fontes

LAGE, Rui Carlos Morais. A elegia portuguesa nos séculos XX e XXI: perda, luto e desengano. 2010. Tese (Doutorado em Letras) – Faculdade de Letras, Universidade do Porto, Porto, 2010.

MACHADO, Cinthya Sousa. Elegia renascentista: estudo e tradução das elegias de Jacopo Sannazaro. 2017. Tese (Doutorado em Letras Clássicas) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

MORAES, Vinicius de. Elegia lírica. In: MORAES, Vinicius de. Cinco elegias. Rio de Janeiro: Pongetti, 1943.

QUINTANA, Mario. Elegia. In: QUINTANA, Mario. Apontamentos de história sobrenatural. São Paulo: Globo, 2005.

SILVA, Márcia Regina de Faria da. Amor e guerra na elegia latina. PRINCIPIA, n. 25, 2012. 


Fonte: Brasil Escola - /literatura/elegia.htm