Os maiores acidentes nucleares do mundo ocorreram em Chernobyl (1986), em Fukushima (2011) e em Three Mile Island (1979). No Brasil, o maior acidente radioativo do país e o maior acidente radiológico do mundo ocorreu em Goiânia (1987).
A utilização pacífica da energia nuclear sempre foi motivo de grandes discussões. A maior preocupação acerca do assunto é justamente a possibilidade de ocorrerem acidentes. A radiação liberada no meio ambiente pode ferir gravemente ou matar pessoas e outros seres vivos, além de contaminar as cidades, florestas, rios e águas dos lençóis freáticos.
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Resumo sobre acidentes nucleares
- Os maiores acidentes nucleares do mundo ocorreram em Chernobyl (1986), em Fukushima (2011) e em Three Mile Island (1979).
- O maior acidente radioativo do Brasil e o maior acidente radiológico do mundo ocorreu em Goiânia (1987) com o césio-137.
- O acidente nuclear está relacionado a acidentes em usinas nucleares, enquanto o acidente radiológico está relacionado a acidentes com as fontes radioativas.
- O acidente de Chernobyl foi pior que o acidente de Fukushima.
Quais foram os maiores acidentes nucleares do mundo?
→ Acidente nuclear em Chernobyl
O maior e mais desastroso acidente nuclear do mundo ocorreu em Chernobyl, na capital da Ucrânia, Kiev, no dia 26 de abril de 1986, resultando na morte de inúmeras pessoas. Nesse acidente, o reator número quatro foi danificado em um teste de segurança no início da madrugada, liberando enormes quantidades de radiação.
Nuvens radioativas atingiram grandes centros urbanos sem que ninguém fosse informado. Países fronteiriços souberam do acidente apenas dois dias após o ocorrido, quando cientistas suecos detectaram níveis alarmantes de radiação vinda do leste, cerca de 10.000 vezes maiores que o normal.
Esse acidente contaminou mais de 200.000 km² de terra, e a ONU (Organização das Nações Unidas) acredita que mais de 5000 casos de câncer ocorridos na Ucrânia, Rússia e Bielorrússia podem estar relacionados a esse desastre. A quantidade de radiação emitida foi 400 vezes maior do que a emitida pelas bombas lançadas pelos EUA sobre Hiroshima e Nagasaki, em 1945, no Japão. Esse desastre atingiu o nível 7, a classificação máxima da Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES). Até hoje, o local é nocivo devido à alta radiação presente.
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→ Acidente nuclear em Fukushima
O segundo maior acidente nuclear aconteceu no dia 11 de março de 2011, quando um terremoto de grau 9 na escala Richter, seguido de um tsunami, atingiu a região da usina nuclear Daiichi, em Fukushima, no Japão, danificando seis dos seus reatores e, consequentemente, liberando altos níveis de radiação na região.
Esse acidente nuclear resultou em graves vazamentos radioativos na região, contaminando as águas e peixes, além de forçar a remoção em massa de 60.000 moradores das regiões próximas. Esse desastre foi classificado também com nível 7 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES).
→ Acidente nuclear em Three Mile Island
No dia 28 de março de 1979, aconteceu o maior acidente nuclear dos EUA, quando, na usina nuclear de Three Mile Island, próximo a Harrisburg, capital da Pensilvânia, o reator número dois sofreu superaquecimento devido a um problema mecânico, mas não chegou a explodir, pois os técnicos optaram pela liberação de vapor e gases, fazendo com que 25 mil pessoas entrassem em contato com os gases. Esse desastre foi classificado com nível 5 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES).
Maior acidente radioativo do Brasil
No dia 13 de setembro de 1987, aconteceu o maior acidente radioativo do Brasil e o maior acidente radiológico do mundo, na cidade de Goiânia, capital do estado de Goiás. Nesse desastre, parte de um equipamento de radiologia contendo uma cápsula da substância radioativa césio-137 foi encontrada em meio a escombros e revendida para um ferro-velho.
Quando o equipamento foi desmontado, a luminescência do césio chamou a atenção das pessoas, o que fez elas entrarem em contato direto com o material, resultando na morte de quatro pessoas e na contaminação de 678. Esse desastre foi classificado com nível 5 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES).
Confira também: Acidente com césio-137 em Goiânia — mais detalhes sobre o maior acidente radioativo do Brasil
Acidente nuclear x acidente radiológico
Apesar de ambas estarem envolvidas em processos de núcleos atômicos de átomos pesados, existe uma pequena diferença nas terminologias. O acidente nuclear está mais relacionado a acidentes em usinas nucleares, que envolvem reações de fissão nuclear, enquanto o acidente radiológico é mais amplo e está mais relacionado a acidentes com as fontes radioativas, como o descarte irregular ou vazamentos de substâncias radioativas. Assim, os desastres de Chernobyl e Fukushima foram acidentes nucleares, enquanto o de Goiânia foi um acidente radiológico.
Qual foi o pior: acidente de Chernobyl ou acidente de Fukushima?
Entre acidente de Chernobyl e acidente de Fukushima, o de Chernobyl foi o pior desastre, tanto com relação ao número de mortes e feridos, quanto à área de contaminação pela radiação liberada na catástrofe. Em realidade, o acidente de Chernobyl é o maior acidente nuclear do mundo.
Curiosidades sobre acidentes nucleares
→ Reação em cadeia
A fissão nuclear é uma reação em que o núcleo atômico de um átomo bem pesado se divide em duas partes ou mais ao ser atingido por um nêutron, liberando uma quantidade enorme de energia. Na fissão, novos nêutrons são liberados, os quais vão provocar a fissão de novos núcleos, e assim sucessivamente, estabelecendo-se uma reação em cadeia, como na seguinte figura:
As usinas nucleares utilizam a fissão nuclear para o fornecimento de energia elétrica. Essa energia liberada na reação esquenta um reservatório cheio de água, que, ao evaporar, faz girar turbinas que geram a energia elétrica. A seguir, separamos um desenho esquemático de como funciona uma complexa usina de energia nuclear:
Caso o objetivo seja o de não controlar a reação em cadeia, uma outra aplicação da fissão nuclear é a bomba de fissão nuclear, que tem um largo poder de destruição em massa. Assim, se uma usina nuclear não conseguir controlar a reação em cadeia, a usina pode se transformar em uma bomba de fissão nuclear não planejada, por isso a necessidade de um alto controle nas reações e na segurança do projeto.
→ Radiação dos acidentes
A radiação ionizante liberada nos acidentes nucleares são fótons altamente energéticos, chamados de radiação gama, de comprimento de onda extremamente curto, nas dimensões do DNA humano. Assim, o risco de contaminação dessa radiação está associado ao aumento do risco de câncer e mutações genéticas. Portanto, além da destruição causada no momento do acidente, também existem os problemas de saúde no longo prazo.
→ Resíduo radioativos
Um dos problemas do uso de substâncias radioativas no fornecimento de energia elétrica são os resíduos deixados por esses processos. Se esses dejetos radioativos forem deixados no meio ambiente, podem ser nocivos ao local por até milhares de anos. Assim, é necessário um devido armazenamento com grossas camadas de concreto para não contaminar o exterior.
Fontes
CARRON, Wilson; GUIMARÃES, Osvaldo. As faces da física (vol. único). 1. ed. Moderna, 1997.
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos da Física: Óptica e Física Moderna (vol. 4). 9 ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2012.
NUSSENZVEIG, Herch Moysés. Curso de física básica: Óptica, Relatividade e Física Quântica (vol. 4). 2 ed. São Paulo: Editora Blucher, 2014.
