A independência do Brasil foi proclamada em 1822, às margens do Rio Ipiranga, no estado de São Paulo. A declaração foi realizada pelo então príncipe regente, Dom Pedro, que era português e filho de Dom João VI, rei de Portugal.
Esse acontecimento histórico é cercado de dúvidas, nuances e curiosidades interessantes.
Resumo da independência do Brasil
Em 1808, a família real de Portugal mudou-se para o Rio de Janeiro a fim de escapar das invasões napoleônicas. Com a vinda da nobreza europeia para as terras cariocas, muitas medidas modernizadoras forma implantadas no Brasil, por exemplo, a abertura dos portos.
Sete anos depois o Brasil deixou de ser colônia e foi elevado à condição de Reino Unido. Mais 5 anos depois, a Revolução do Porto estourou em Portugal, exigindo o retorno de Dom João VI para a Península Ibérica.
Com a ida do rei para Portugal, Dom Pedro, seu filho, virou príncipe regente do Brasil e medidas emancipatórias começaram a ser aprovadas. Por exemplo, o “Cumpra-se”, que determinava a necessidade de as leis aprovadas em Portugal serem validadas no Brasil antes de serem impostas.
O retorno de Dom Pedro também começou a ser exigido, assim como a revogação das medidas que aumentaram a autonomia brasileira. Com o aumento das tensões, cresceu também o desejo pela independência, que (teoricamente) se concretizou no Grito do Ipiranga.
Após a declaração de independência, houve conflitos na Bahia, no Pará, no Maranhão e na Cisplatina.
Como foi o 7 de setembro?
A imagem mais famosa do 7 setembro vem de uma pintura, chamada de “Independência ou morte!” realizada por Pedro Américo. Mas ela foi feita mais de 60 anos depois do acontecimento.
Na pintura, a imagem é majestosa. Dom Pedro, montado em um cavalo, acima de um morro, levanta uma espada e, cercado por um exército, declara a independência. Entretanto, nomes relevantes no estudo da história brasileira, como Lilian Schwartz, afirmam que essa imagem é uma invenção monárquica e que a realidade não foi tão bonita.
Dom Pedro, na verdade, montava em um burro e estava em uma região plana, e não era acompanhado por tantas pessoas, mas por interesses políticos, o retrato não foi feito de forma fiel.
Curiosidades sobre o Dia da Independência do Brasil
Veja algumas curiosidades sobre a Independência do Brasil:
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Participação da marinha na independência do Brasil
A Marinha é uma das Forças Armadas mais antigas do Brasil e teve papel fundamental na manutenção do território nacional no processo de independência. Assim que houve a declaração, não foram todas as províncias que aderiram ao confronto contra os portugueses, como o Maranhão, o Pará e a Cisplatina (atual Uruguai).
As atuações da Marinha foram decisivas para que essas regiões não se separassem do novo país que surgia.
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O Brasil pagou pela sua independência?
Sim. O Tratado de Paz assinado com Portugal em 1825 determinava que, para ter a sua independência plenamente reconhecida, o Brasil precisava pagar 2 milhões de libras esterlinas para Portugal. No entanto, o Brasil não tinha reservas e precisou pegar dinheiro emprestado com a Inglaterra para pagar a dívida.
Essa dívida se somou a outros valores que foram emprestados durante a Guerra de Independência, e o Brasil já nasceu devendo cerca de 6 milhões de libras esterlinas.
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Diferentes processos de independência
Apesar de a Independência ter sido declarada em São Paulo, conflitos aconteceram em várias regiões do país para se conquistar a independência. A Bahia, por exemplo, só foi parar de ter batalhas contra portugueses em julho de 1823.
Outro exemplo é a batalha do Jenipapo, que pôs piauienses, cearenses e maranhenses contra tropas leais a Portugal. Mais de 200 brasileiros foram mortos e 500 foram presos nesse episódio.
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Mulheres na independência
Muitas mulheres essenciais no processo de independência tiveram seus nomes apagados da história, como Maria Quitéria, que fingiu ser homem para poder ingressar no exército; Maria Filipa, que se tornou uma lenda na sua região da Bahia por queimar navios portugueses; e, até mesmo, a imperatriz Maria Leopoldina, que influenciou fortemente Dom Pedro a realizar a declaração da Independência.
Outra história que fica esquecida na maioria dos livros é a participação popular na independência do Brasil. Muitos panfletos eram pregados nas ruas e lidos para os analfabetos. Um exemplar feito por uma baiana de apenas 10 anos (algumas fontes citam 13) demonstra um pouco dos anseios populares. Veja os versos escritos pela garota:
"Justos céus, de que nos servem/ bases da Constituição/se a lusa tropa só quer/ impor-nos a escravidão?"
Por Tiago Vechi
Jornalista
