Zumbi dos Palmares

Zumbi dos Palmares foi um dos líderes do Quilombo dos Palmares e ficou conhecido por ter liderado a resistência do quilombo contra os ataques portugueses no século XVII.

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Zumbi dos Palmares foi um dos líderes do maior quilombo que já existiu no Brasil: o Quilombo dos Palmares. Último líder desse quilombo, Zumbi resistiu aos ataques portugueses na tentativa de destruir o quilombo, o que ocorreu em 1694. Foi morto em 20 de novembro de 1695.

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Símbolo importante da luta antirracista no Brasil, Zumbi dos Palmares representa a resistência dos negros escravizados contra a escravidão e da luta deles pela liberdade. Por essa razão, a data de sua morte tornou-se uma importante data comemorativa: o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre Zumbi dos Palmares

  • Zumbi dos Palmares foi o último líder do Quilombo dos Palmares.

  • Liderou a luta palmarista contra os ataques portugueses.

  • O quilombo foi destruído em 1694, mas Zumbi permaneceu escondido por um tempo, sendo morto pelos portugueses em 20 de novembro de 1695.

  • Zumbi dos Palmares tornou-se em um símbolo da luta contra a escravidão e o racismo no Brasil.

  • Sua luta deu origem a uma importante data comemorativa: o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro.

Biografia de Zumbi dos Palmares

Estátua de Zumbi dos Palmares.
Zumbi dos Palmares foi líder do Quilombo dos Palmares, entre 1678 e 1694, e acabou sendo emboscado e morto pelos portugueses, em 1695.[1]

Sabe-se muito pouco sobre a vida de Zumbi. No entanto, a pesquisa histórica procura desembaraçar algumas informações a respeito da biografia dessa grande personalidade brasileira. As profundas lacunas a respeito da vida de Zumbi estão em torno de sua vida pessoal. A respeito de sua infância, o único relato existente é o do jornalista Décio Freitas.

Nesse relato, o jornalista afirma que Zumbi havia nascido livre em Palmares, e acredita-se que tenha sido capturado quando tinha por volta de sete anos e entregue como escravo a um padre chamado Antônio Melo. Uma vez escravizado, recebeu o nome de Francisco e aprendeu a falar português e latim. Aos 15 anos, teria fugido e retornado a Palmares, onde se tornou um importante comandante militar dos palmarinos.

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Essa versão clássica da infância de Zumbi não é levada em consideração pelos historiadores e é tida como improvável, porque não existem evidências que a comprovem, além do próprio relato de Décio Freitas. Outra coisa que não se sabe é se Zumbi teve esposa e filhos, apesar de existir uma carta escrita pelo rei português D. Pedro II para Zumbi sugerindo que este os tinha.

Nessa carta, D. Pedro II oferece perdão a Zumbi pelas ações por ele realizadas contra colonos portugueses. O rei oferece o perdão, desde que Zumbi aceite ser seu súdito, e o faz por meio deste convite:

Eu El-Rei faço saber a vós Capitão Zumbi dos Palmares que hei por bem perdoar-vos de todos os excessos que haveis praticado […]. Convido-vos a assistir em qualquer estância que vos convier, com vossa mulher e vossos filhos e todos os vossos capitães, livres de qualquer cativeiro ou sujeição, como meus fiéis súditos, sob minha real proteção, do que fica ciente meu governador que vai para o governo dessa capitania para que o cumpra e guarde […].|1|

De toda forma, sabemos que Zumbi nasceu de fato no Quilombo dos Palmares em 1655, e muitos dizem que ele teria sido sobrinho de Ganga Zumba, outro líder importante de Palmares. Apesar disso, existem alguns historiadores que apontam que a nomenclatura de Zumbi como sobrinho de Ganga Zumba pode ter sido apenas uma simbologia para remeter ao fato de que o primeiro era protegido do segundo.

Sabemos também que Zumbi era um general do Quilombo dos Palmares, e os relatos portugueses destacam a sua atuação na resistência dos palmarinos. São esses relatos que ajudaram a construir a imagem de Zumbi como um grande líder. Sabe-se também que o nome Zumbi pode derivar de nzumbi, termo africano que significa fantasma.

É na atuação de Zumbi como general que está uma das grandes polêmicas de sua vida: o desentendimento com Ganga Zumba. Em 1678, o líder de Palmares era Ganga Zumba, e, em meio a décadas de lutas, ele recebeu uma oferta de paz das autoridades coloniais. Nessa proposta, o governador da capitania concedia a liberdade para os nascidos em Palmares, mas todos que fossem fugidos deveriam retornar aos seus donos. Se o líder palmarino aceitasse a oferta, os nascidos em Palmares poderiam viver sua liberdade em Curuá como súditos da coroa portuguesa.

Ganga Zumba teria acertado essa oferta e aceitado mudar-se, mas Zumbi, indignado, teria defendido que a liberdade fosse uma conquista para todos. Assim, acredita-se que Zumbi, ou um de seus aliados, tenha assassinado Ganga Zumba, e especula-se que isso aconteceu por meio de envenenamento.

Depois da morte de Ganga Zumba, seguiu-se um conflito com Gana Zona (irmão de Zumba), e Zumbi declarou-se líder de Palmares. Conduziu a resistência palmarina nos anos seguintes até a capitulação final do quilombo, quando as tropas de Domingos Jorge Velho atacaram e destruíram Cerca Real do Macaco.

Leia também: Dandara dos Palmares — umas das lideranças do quilombo e supostamente esposa de Zumbi

Por que o nome Zumbi dos Palmares?

Os historiadores acreditam que o nome Zumbi é uma derivação de termos do quimbundo nzumbi ou zumbe, que significa fantasma. Já o termo “dos Palmares” é uma referência ao fato de que ele foi um dos líderes do Quilombo dos Palmares.

O que Zumbi dos Palmares defendia?

Tela de Antônio Parreiras retrata a figura de Zumbi dos Palmares.
Tela de Antônio Parreiras retrata a figura de Zumbi dos Palmares.

No contexto em que estava inserido, Zumbi dos Palmares foi uma liderança negra contra a escravidão no Brasil. A sua luta em Palmares demonstrava a defesa que ele fazia dos escravizados, buscando a liberdade daqueles que se refugiavam no quilombo. Inclusive, o acordo que Ganga Zumba aceitou e Zumbi rejeitou incluía a devolução de escravizados fugidos e a recusa de aceitar novos escravizados fugidos nas comunidades quilombolas, caso o acordo fosse aceito. Por isso, Zumbi é considerado um símbolo da resistência contra a escravidão no Brasil.

Importância de Zumbi dos Palmares

Zumbi dos Palmares é uma figura muito importante na história brasileira pelos seguintes fatos:

  • Ele é considerado um símbolo da resistência contra a escravidão.

  • Defendia a liberdade dos africanos escravizados.

  • Seu importante papel fez dele um símbolo da representatividade negra.

Zumbi e o Quilombo dos Palmares

Zumbi foi um dos três líderes que se conhecem do Quilombo dos Palmares, o maior quilombo que surgiu na história do Brasil. O primeiro registro de que se tem desse quilombo remonta a 1597, mas existem algumas especulações de que ele tenha surgido antes. Palmares era o nome que se dava ao conjunto de mocambos que o formava.

Entre os mocambos que formavam Palmares estavam Acotirene, Andalaquituche e Aqualtune. O principal deles era Cerca Real do Macaco, muito conhecido também como Mocambo do Macaco. Esse era o centro político de Palmares e chegou a contar com até 6 mil habitantes. Ao todo, fala-se que o complexo que formava Palmares possuía 20 mil habitantes.

Cerca Real do Macaco era protegido por uma paliçada e cercado de armadilhas como garantia de segurança. Todos os outros mocambos eram ligados a Cerca Real do Macaco por meio de estradas, que se estendiam na região da Serra da Barriga, local onde ficava o Quilombo dos Palmares. Essa região, na época, estava vinculada à capitania de Pernambuco.

Mapa da capitania de Pernambuco com demarcação do Quilombo dos Palmares.
Mapa da capitania de Pernambuco com demarcação do Quilombo dos Palmares.

Palmares teve de lidar com expedições organizadas por portugueses e holandeses para destruir o quilombo. No período da invasão holandesa, Palmares prosperou, mas, depois que os holandeses foram expulsos, as expedições portuguesas tornaram-se cada vez mais frequentes e resultaram no seu aniquilamento.

A destruição de Palmares aconteceu com a expedição de Domingos Jorge Velho, bandeirante contratado a peso de ouro para atacá-lo. Suas tropas eram formadas por milhares de homens (especula-se até 9 mil homens) e equipadas com canhões. Depois de uma luta intensa, Cerca Real do Macaco foi destruído em 1694, forçando os sobreviventes a fugirem.

Morte de Zumbi dos Palmares

Depois da destruição de Cerca Real do Macaco, Zumbi fugiu. Durante muito tempo, acreditou-se que ele teria cometido suicídio durante esse ataque, mas foi comprovado por estudos feitos nas últimas décadas que ele fugiu. Nesse sentido, Zumbi viveu durante cerca de um ano e meio embrenhado no mato e sobrevivendo de pequenos ataques realizados por ele e seus companheiros sobreviventes.

Em 1695, ele teve seu esconderijo denunciado por um de seus companheiros, chamado Antônio Soares, que foi capturado e torturado. Zumbi então foi emboscado e morto. Ele teve sua mão cortada e sua cabeça decepada, salgada e levada para Recife, onde ficou em exposição em praça pública. A morte de Zumbi aconteceu no dia 20 de novembro de 1695.

Legado de Zumbi dos Palmares

A luta de Zumbi dos Palmares deixou um grande legado para a posteridade:

  • Sua luta serviu de inspiração para que o movimento negro se engajasse contra o racismo no Brasil.

  • A luta de Zumbi dos Palmares é utilizada para valorizar a cultura afro-brasileira.

Homenagens a Zumbi dos Palmares

No século XX, Zumbi tornou-se um grande símbolo de resistência em determinados grupos políticos. Essa apropriação de sua história fez com que o dia de sua morte fosse convertido em uma data comemorativa que relembra Zumbi dos Palmares e a luta contra a escravidão e o racismo no Brasil.

Essa data comemorativa é celebrada no Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, em 20 de novembro, o dia da morte de Zumbi dos Palmares. Atualmente, a data é considerada um feriado nacional, sendo uma data simbólica da luta contra o racismo no Brasil.

Notas

|1| Carta do rei de Portugal a Zumbi dos Palmares. Disponível em: «https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/SnjGkQ4WUhqHqDBj9a6rfshYjWPCYWnSNKmezN7NHV326JqKUuqDdXjetTnp/carta-do-rei-de-portugal-a-zumbi-dos-palmares.pdf»

Créditos da imagem:

[1] Joa Souza / Shutterstock

Fontes

DAMASCENO, Felipe Aguiar. A ocupação das terras dos Palmares de Pernambuco (séculos XVII e XVIII). Tese (Doutorado em História Social). Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2015.

GOMES, Flávio. Palmares: escravidão e liberdade no Atlântico Sul. São Paulo: Contexto, 2019.

GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019.

GOMES, Flávio dos Santos; LAURIANO, Jaime e SCHWARCZ. Enciclopédia Negra. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.

SCHWARCZ, Lilia Moritz e GOMES, Flávio (orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.
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SILVA, Daniel Neves. "Zumbi dos Palmares"; Brasil Escola. Disponível em: /biografia/zumbi.htm. o em 28 de maio de 2025.
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