Em Genética, frequentemente utilizamos esquemas para observar o comportamento de um determinado gene. Os heredogramas são representações que permitem a observação da relação de parentesco entre os indivíduos e, consequentemente, os padrões de herança.
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Quando analisamos um heredograma, podemos tirar conclusões sobre alguns pontos básicos, tais como se um gene está em um cromossomo autossomo ou sexual e se determinada característica é ou não dominante. Entretanto, para que as conclusões sejam corretas, as interpretações devem ser extremamente cautelosas.
Como interpretar heredogramas?

Observe o heredograma e as diferentes famílias representadas
Para compreender como deve ser feita a análise de um heredograma, vamos utilizar o exemplo acima. Os indivíduos pintados de roxo sofrem de uma doença desconhecida. Sobre essa enfermidade, devemos descobrir se ela é resultado de genes dominantes ou recessivos e se estes estão ou não nos cromossomos sexuais.
O primeiro o é descobrir se a doença está ou não ligada ao cromossomo sexual, que normalmente é o X. Para saber se existe essa relação, devemos observar os homens afetados, pois se a doença estiver ligada ao cromossomo X, os homens transmitirão a doença apenas para as suas filhas e só serão afetados se suas mães possuírem o gene. Diante disso, podemos perceber que nosso exemplo está ligado aos cromossomos autossômicos, pois o indivíduo 2 da geração III é um homem afetado e filho de um homem também afetado.
Após descobrir que se trata de uma doença ligada ao cromossomo autossômico, devemos observar todos os indivíduos e tentar compreender se a característica analisada é uma herança dominante ou recessiva. Para chegarmos a essa conclusão, devemos observar os fenótipos de pais e filhos. Quando pais com fenótipos iguais dão origem a filhos com fenótipos diferentes, podemos concluir que os pais são heterozigotos para determinada característica e o filho afetado é recessivo. Observe:

O casal com as mesmas características deu origem a filhos com características diferentes
No caso analisado, temos uma característica determinada por um gene recessivo, pois ela não se manifestou no casal e apareceu apenas nos filhos, nos quais o gene apresenta-se em homozigose. Conclui-se, portanto, que, na geração III, os indivíduos 4 e 5 são homozigotos recessivos e, na geração II, os indivíduos 5 e 6 são heterozigotos. A partir disso, é possível concluir que todos os afetados são homozigotos recessivos.

Todos os afetados apresentam genótipos recessivos
Após esse momento, é importante analisar os casais e descobrir os outros genótipos. Analisando-se o casal 1 e 2 da segunda geração, por exemplo, é possível observar que um homem com a característica em questão teve um filho também afetado. Para que o filho seja afetado, ele necessita de um gene recessivo proveniente do pai e outro da mãe. Assim sendo, a mãe obrigatoriamente deverá ser heterozigota Aa, pois não apresenta a característica, mas enviou um gene recessivo ao filho. Da mesma forma, podemos concluir que o filho 1 desse casal deverá ser Aa, pois receberá obrigatoriamente um gene a do seu pai, que não é afetado pela doença.

O casal analisado deu origem a um filho afetado, logo, tando a mãe quanto o pai devem possuir o gene recessivo
O mesmo raciocínio aplicado para o casal da geração II pode ser aplicado para o casal da geração I e o casal 3 e 4 da geração III. Entretanto, ainda restam dúvidas sobre o indivíduo 4 da geração II e o indivíduo 3 da geração III. A única informação que podemos fornecer é que eles apresentam um gene dominante, pois não foram afetados pelo problema. Assim sendo, nossa análise termina da seguinte maneira:

Ao final da análise, dois genótipos não podem ser determinados
Podemos resumir as etapas da interpretação dos heredogramas da seguinte maneira:
1- Determinar se a característica refere-se ou não a uma herança ligada aos cromossomos sexuais;
2- Identificar se a característica é determinada por um gene recessivo ou dominante;
3- Localizar todos os indivíduos homozigotos recessivos;
4- Analisar outros casais, lembrando-se sempre de que um gene é proveniente do pai e outro da mãe.
Por Ma. Vanessa dos Santos