Denomina-se “plural de modéstia” o uso da primeira pessoa do plural (nós) em detrimento ao da primeira do singular (eu). Assim, no intuito de compreender tal afirmativa, analise ambos os enunciados que seguem:
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Esse relevante fato linguístico remonta à condição expressa pelos antigos reis de Portugal, em que eles, na tentativa de amenizar a distância que os separava do povo, utilizavam um estilo modesto, fazendo uso do referido pronome. Até que no início do séc. XVI, com D. João III, teve início o absolutismo real, fato que culminou na retomada do uso da primeira pessoa do singular. Todavia, os altos prelados da Igreja ainda continuavam fazendo uso do pronome “nós”, como forma de humildade e solidariedade para com os fiéis. Dessa forma, mediante o crescimento daquela instituição em poder e bens, tal uso ou a “soar” como uma atitude contrária à modéstia, denotando, assim, um instinto de grandeza – razão pela qual o plural de modéstia é também chamado de plural majestático.
Procurando contextualizar o uso de tal ocorrência, sobretudo em se tratando de situações cotidianas de comunicação, inferimos que ela se encontra presente no discurso de alguns escritores, oradores e políticos, cujo intento, principalmente fazendo referência a esses últimos, é tão somente evitar marcas de individualismo nas palavras que proferem, fazendo com que os leitores/ouvintes e até mesmo correligionários compartilhem das ideias por eles proferidas, bem como para afastar qualquer noção de vaidade ou orgulho.
Mediante tais postulados, ocorre-nos a noção de coletividade, ou seja, de um ser falando em nome de todos, de uma forma geral. Dessa forma, cabe ressaltar que ao fazer uso desse recurso linguístico o que deve ser levado em conta é que os pronomes e os verbos irão para o plural, contudo, os adjetivos permanecerão no singular, flexionando de acordo com a pessoa que fala ou a quem se referem. Sendo assim, vejamos alguns exemplos:
- Estamos certo de que todas as promessas de campanha serão cumpridas – proferiu o político em seu discurso.
- Sentimo-nos consternado com o fato ocorrido – disse o diretor aos pais de alunos.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
