A poesia de Augusto de Campos é a expressão máxima do Concretismo. Seus poemas aliam elementos das artes visuais, da publicidade, da música e das tecnologias digitais.
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O Concretismo brasileiro é considerado o último grande movimento de vanguarda da literatura brasileira. Inspirado pela força inovadora do Modernismo, que em 1922 ganhou impacto e apresentou nomes importantes como Manuel Bandeira, Oswald e Mário de Andrade, a poesia concreta deu continuidade aos experimentalismos literários e transgrediu a forma discursiva dos versos. Tinha início um período de intensa criatividade e de junção entre a palavra e a imagem, elementos que transformariam para sempre o jeito de fazer poesia no Brasil.
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Os desdobramentos da arte concreta na poesia evidenciaram-se em São Paulo por ocasião do lançamento da revista Noigandres (palavra extraída de uma canção do trovador provençal Arnaut Daniel, que significa "o olor que afasta o tédio") em 1952, fundada por uma “tríade concretista”, os escritores Décio Pignatari e os irmãos Haroldo e Augusto de Campos. Entre eles, Augusto de Campos talvez seja a expressão máxima do Concretismo: sua poesia utiliza recursos das artes visuais, da publicidade, da música e das tecnologias digitais, sendo o poeta um grande pesquisador das mídias eletrônicas. A dimensão verbivocovisual (conceito criado pelo poeta irlandês James Joyce e que trata de uma área da linguística que participa das vantagens da comunicação não verbal sem abdicar das virtualidades da palavra) permeia toda a sua obra, que valoriza também a interação da poesia com a música.
Poeta, tradutor e ensaísta, Augusto de Campos nasceu em São Paulo no dia 14 de fevereiro de 1931. Irmão mais novo do também poeta Haroldo de Campos (1929 – 2003), estreou com o livro de poemas O Rei menos o Reino, em 1951. Em 1955, publicou na revista Noigandres uma série de poemas em cores chamada Poetamenos, que é considerado o marco inaugural da poesia concreta no Brasil (a expressão “poesia concreta” aparece pela primeira vez como título de um artigo seu nesse mesmo ano). Posteriormente lançou os livros Popcretos (1964) e Poemóbiles (1974), entre outros, nos quais destacou sua particular aposta visual e estética.
Augusto de Campos é o único representante vivo do Concretismo e o primeiro poeta brasileiro a ganhar o Prêmio Neruda de poesia, criado pelo Conselho de Cultura chileno. Recentemente, o escritor lançou o livro Outro, primeira reunião de poemas inéditos desde o livro Não, de 2003. Para que você conheça um pouco mais a inconfundível poesia de Augusto de Campos, o Brasil Escola selecionou cinco poemas que mostram que é possível aliar a palavra à imagem e fazer dessa simbiose um dos mais interessantes movimentos literários de nossa história. Boa leitura!
Cinco poemas de Augusto de Campos
Augusto de Campos: dias dias dias, 1953
Augusto de Campos: amortemor, 1970
Augusto de Campos: tudo está dito, 1974
Augusto de Campos: intradução: sol de Maiakóvski
Augusto de Campos: contemporâneos, 2015
Por Luana Castro
Graduada em Letras
Capa do CD “Poesia é risco”, de Augusto de Campos e Cid Campos. Selo Sesc SP
PEREZ, Luana Castro Alves.
"Poesia de Augusto de Campos"; Brasil Escola.
Disponível em: /literatura/poesia-augusto-campos.htm. o em 30 de
maio
de 2025.
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Lista de exercícios
Exercício 1
Sobre o Concretismo, o que é correto afirmar?
I. A visualidade é um dos es para alcançar as rupturas com a ordem discursiva da língua portuguesa.
II. Teve como integrantes fundamentais Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari.
III. Foi um projeto de renovação formal e estética da poesia brasileira, cuja importância fica restrita à década de 1950.
Sobre o concretismo na poesia de Augusto de Campos, o que é correto afirmar?
A) A poesia de Augusto de Campos situa-se no campo das vanguardas da segunda metade do século XIX.
B) Em sua criação artística, o autor limita-se a mesclar som e palavras.
C) O poema Lixo Luxo foi construído como uma paródia das logomarcas comerciais.
D) A obra de Augusto de Campos, apesar de importante para o movimento concretista no Brasil, nunca foi prestigiada pelo público brasileiro.
E) O movimento concretista, criado por Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari, apesar de propor a criação de novas estruturas de composição poética, não defende o "fim do ciclo histórico do verso".
(UEPB-2006) Considere as afirmações de três críticos literários brasileiros a respeito da poesia de Carlos Drummond de Andrade, de João Cabral de Melo Neto e do Concretismo:
I. Partindo-se do dado histórico de que foi No meio do caminho da renovação da poesia brasileira que a obra de Drummond começou a aparecer como portadora de uma lição poética mais sólida, embora, inicialmente, na direção nacionalista de seus contemporâneos, é possível ver o conjunto de sua obra através de duas atitudes estilísticas. Na verdade, são atitudes complementares, dois estágios que se prolongam: da objetividade e da preocupação social. O poeta é realmente objetivo, mas no sentido de que se encontra mais próximo das coisas. A exibição de termos e construções do português brasileiro vai-se diluindo à medida que se aproxima de 1945, quando começam a predominar a contenção expressiva e a experiência técnica, quase desconhecida dos primeiros livros. Realmente, é com Sentimento do mundo e principalmente com A rosa do povo que os grandes temas sociais e populares atingem os mais altos arremessos da poesia social no Brasil, desde Castro Alves (Gilberto Mendonça Teles).
II. É com O engenheiro (1945) e Psicologia da composição (1947) que o poeta atinge a maturidade criativa. João Cabral ará a se distinguir pelo combate sistemático ao sentimentalismo e ao irracionalismo em poesia, através de um processo de desmistificação dos mitos que a cercam. Ao mesmo tempo que desaliena a poesia, exibindo-lhe as entranhas, João Cabral procede a uma auto-análise da composição poética, chegando a dissociar a imagem física da palavra, do seu conceito. Além disso, o poeta-engenheiro fraciona os versos com uma técnica precisa de cortes que lhes confere uma estrutura, por assim dizer, arquitetônica, funcional. Não há, entretanto, em João Cabral, uma recusa ao “humano”; há, isto sim, uma recusa do poeta a se deixar transformar em joguete de sentimentalismos epidérmicos e a busca do verdadeiramente humano na linguagem, tomada em si mesma, como fonte de apreensão sensível da realidade (Augusto de Campos).
III. A poesia concreta, ou Concretismo, impôs-se, a partir de 1956, como a expressão mais viva e atuante de nossa vanguarda estética. No contexto da poesia brasileira, o Concretismo afirmou-se como antítese à vertente intimista e estetizante dos anos 40 e repropôs temas, formas e, não raro, atitudes peculiares ao Modernismo de 22 em sua fase mais polêmica e mais aderente às vanguardas européias. Os poetas concretos entenderam levar às últimas conseqüências certos processos estruturais que marcaram o futurismo (italiano e russo), o dadaísmo e, em parte, o surrealismo. São processos que visam explorar as camadas materiais do significante. A poesia concreta quer-se abertamente antiexpressionista. Em termos mais genéricos: o Concretismo toma a sério, e de modo radical, a definição de arte como techné, isto é, como atividade produtora (Alfredo Bosi).
Sobre a poesia de Augusto de Campos, é incorreto afirmar:
A) No poema “não” (1990), o autor teoriza sobre o que é poesia.
B) A obra de Augusto Campos é marcada pela criatividade, originalidade e tradução crítica e criativa de outros autores, traduções essas que, em alguns casos, deixam de ser somente verbais e adquirem qualidades verbivocovisuais.
C) Augusto de Campos, apesar de mesclar som e imagem em suas obras, nunca se interessou pela tecnologia.
D) No poema Pomba Bomba (1986), as letras estão dispostas milimetricamente com a finalidade de que criar no leitor a ideia de explosão.
E) No poema S.O.S (1992), Augusto de Campos aborda a solidão do homem pós-moderno.