O que é fonologia?

Fonologia é a ciência que estuda os sons de uma língua específica, com foco nos fonemas, as menores unidades sonoras capazes de distinguir os significados das palavras. Ela analisa fenômenos como sílabas, encontros vocálicos e consonantais, dígrafos e alofones, além de classificar os fonemas em vogais, consoantes e semivogais com base em critérios como vibração das cordas vocais, ponto de articulação e timbre.

A fonologia distingue-se da fonética, pois esta analisa sons de forma universal e fisiológica, enquanto a fonologia considera os sons relevantes para um idioma específico.

Leia também: Alfabeto fonético internacional — sistema criado para representar sons de todas as línguas do mundo

Tópicos deste artigo

• 1 - Resumo sobre fonologia
• 2 - Para que serve a fonologia?
• 3 - Áreas da fonologia
• 4 - Tipos de fonemas
• 5 - Diferenças entre fonologia e fonética
• 6 - Exercícios resolvidos sobre fonologia

Resumo sobre fonologia

• A fonologia é uma área da linguística que analisa, organiza e categoriza os sons de determinado idioma.
• O principal objeto de estudo da fonologia é o fonema, a menor unidade sonora de uma língua.
• Para que um som seja considerado fonema, ele deve ter a capacidade de distinguir o sentido das palavras.
• As principais áreas da gramática em que a fonologia atua são: sílaba, divisão silábica e sílaba tônica, encontros vocálicos e consonantais, e dígrafos.
• Os tipos de fonemas da língua portuguesa são: vogais, consoantes e semivogais.
• Embora a fonética e a fonologia se aproximem, são duas ciências distintas.
• A fonética estuda os sons de todas as línguas conhecidas, propondo-se a analisar a produção de som principalmente do ponto de vista articulatório e fisiológico.
• A fonologia estuda os sons dentro de determinado sistema, ou seja, os sons de uma língua específica.

Para que serve a fonologia?

A fonologia é uma ciência que serve para compreender o papel dos sons em determinada língua, classificando-os e organizando-os em categorias. Ela estuda os fonemas, as menores unidades sonoras de uma língua.

Fonema não é a mesma coisa que letra, pois o primeiro representa o som que falamos e o segundo representa de forma gráfica esses sons. Para que um som seja considerado um fonema, ele deve ser capaz de distinguir, ou seja, diferenciar o sentido das palavras, como é possível verificar na explicação abaixo.

Exemplo:

PATA x BATA

As palavras acima distinguem-se apenas pelo primeiro som, representado pelas letras em negrito. Todos os outros sons são iguais entre as duas palavras, sendo assim, percebe-se que um único som é responsável por mudar o sentido entre essas palavras. Portanto, concluímos que o som da letra P e da letra B, no português, são fonemas, pois são sons distintivos, isto é, que alteram o sentido das palavras.

A fonologia também é responsável por classificar as palavras a partir da sua sílaba tônica (oxítona, paroxítona e proparoxítona) ou explicar as regras de ortografia, como os casos em que mais de uma letra pode representar o mesmo fonema:

SETA e CELA

XÍCARA e CHAPÉU

Outro fenômeno que a fonologia investiga é a ocorrência de alofones, sons que não distinguem o sentido das palavras, são apenas marcas da variação linguística. Esse fenômeno é perceptível, por exemplo, nas diferentes pronúncias do fonema /R/ em palavras como “porta”, por falantes brasileiros de estados diferentes.

Embora haja diferenças na pronúncia da palavra, o sentido não se altera, por isso não pode ser um fonema, logo, as variadas formas de pronunciar o “r” de “porta” são alofones do fonema /R/.

Veja também: Separação de sílabas das palavras — quais são as regras?

Áreas da fonologia

Na gramática, a fonologia se ocupa de categorizar e explicar alguns conceitos como os listados abaixo:

• Sílabas: a fonologia estuda a separação das palavras em unidades sonoras menores, chamadas de sílabas.
• Sílaba tônica: a fonologia também classifica as palavras com base em sua sílaba tônica, ou seja, a sílaba de maior intensidade sonora das palavras.
• Encontros vocálicos: a fonologia investiga o encontro de vogais na estrutura das palavras e categoriza esses encontros com base na intensidade e na separação silábica.
• Encontros consonantais: a fonologia classifica o encontro de consoantes nas palavras — quando as duas letras representam fonemas, ou seja, unidades sonoras distintivas.
• Dígrafos: a fonologia explica os dígrafos, que ocorrem quando duas letras estão representando, juntas, um único fonema, como na palavra “carro”, que contém duas letras “r” representando um único som.

Tipos de fonemas

Na língua portuguesa, os três tipos de fonemas existentes são:

• Vogais: são fonemas cuja articulação permite a livre agem do ar.
• Semivogais (i e u): são fonemas que acompanham vogais numa mesma sílaba, apresentando, por isso, menor intensidade sonora.
• Consoantes: são fonemas que, durante a articulação, apresentam alguma obstrução do ar, seja parcial, seja total.

A produção dos sons de uma língua envolve diversos órgãos e articulações. O aparelho fonador é o conjunto de órgãos envolvidos na fala, como mostra a imagem abaixo.

Os fonemas (vogais, semivogais e consoantes) se caracterizam por traços como:

• vibração das cordas vocais (surdo e sonoro);
• ponto de articulação (anterior, central ou posterior);
• elevação da região mais alta da língua (altas, médias e baixas);
• timbre (aberto ou fechado); e
• as vogais ainda podem ser classificadas como nasais ou orais.

Em relação ao traço de vibração das cordas vocais, quando o fonema vibrar as cordas, ele é considerado sonoro, quando as cordas pouco ou nada vibram, o fonema é surdo. Em relação ao ponto de articulação, refere-se à região da boca em que a elevação da língua toca. Já o critério de elevação mede a altura desse movimento da parte alta da língua. Por fim, o timbre avalia o traço do som quanto aos níveis agudo e grave, por exemplo.

Diferenças entre fonologia e fonética

A fonologia é a ciência que estuda os sons dentro de uma língua específica, ou seja, considera apenas os sons relevantes para o entendimento de determinado idioma. A fonética é a ciência que estuda os sons de modo geral, ou seja, sem a restrição de uma língua específica, seu foco é descrever a produção e recepção dos sons do ponto de vista articulatório e fisiológico.

Dessa forma, enquanto a fonética se ocupa em explicar como é produzido o fonema /p/ pelo aparelho fonador, por exemplo, a fonologia vai explicar por que esse som é um fonema no português, visto que se distingue, por exemplo, do /b/ e, por isso, gera mudança de sentido, como em pata e bata.

Saiba mais: Morfologia — área que estuda a estrutura, a formação e a classificação das palavras

Exercícios resolvidos sobre fonologia

1. Quantos fonemas existem em “chave”?

a) 4

b) 5

c) 6

d) 3

e) 2

Resposta: a) 4

Comentário: A palavra “chave” tem 4 fonemas, pois o “ch” é um dígrafo, representando apenas um som.

2. Qual alternativa apresenta um exemplo de dígrafo?

a) praieiro

b) nascimento

c) proposital

d) teclado

e) criminalidade

Resposta: b) nascimento

Comentário: O dígrafo ocorre quando duas letras representam um único fonema. Em “nascimento”, as duas letras “sc” representam um único som.

3. Explique a diferença entre letra e fonema, dando um exemplo.

Gabarito:

Letra é a representação gráfica de um som, enquanto o fonema é a unidade sonora de uma língua, capaz de gerar distinção de sentido entre os vocábulos. Por exemplo, na palavra “ageiro”, temos 10 letras, mas apenas 9 fonemas, pois “ss” representa um único som.

4. Quantos fonemas existem na palavra “excesso”? Explique.

Gabarito:

A palavra “excesso” tem 5 fonemas, embora contenha 7 letras. Há dois dígrafos “xc” e “ss”, que representam, cada um deles, somente um som.

5. Na palavra “nuvem”, o “m” é uma consoante? Justifique.

Gabarito:

Não, pois em “nuvem”, o “m” está representando graficamente o processo de nasalização da vogal /ẽ/.

Fontes

BECHARA, E. Gramática fácil / Evanildo Bechara. – 4.ed. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2021.

BECHARA, E. Gramática Fácil: Completa e rápida de consultar, para responder a todas as suas dúvidas. Nova Fronteira. Edição do Kindle.

CUNHA, C.; CINTRA, L. F. L. Nova gramática do português contemporâneo, 5ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.