O napalm é um pó utilizado para espessar a gasolina, formando uma mistura gelatinosa altamente inflamável. Foi desenvolvido na Universidade de Harvard, durante a Segunda Guerra Mundial, por Louis Fieser, que nomeou a substância com o acrônimo dos nomes dos ácidos naftênico e palmítico, utilizados na primeira composição da mistura.
A mistura foi desenvolvida para aumentar a eficiência e o alcance de armas incendiárias, largamente utilizadas durante a Guerra do Vietnã para devastar a vegetação da floresta tropical e destruir instalações inimigas. O uso indiscriminado contra civis levantou sérios debates sobre a ética em campos de guerra e levou as Nações Unidas a adotarem o Protocolo III da Convenção sobre Certas Armas Convencionais, que restringe o uso do napalm a militares e veta o seu uso contra civis.
O poder de destruição do napalm está relacionado a sua persistência a queima, por aderir facilmente aos alvos, destruindo rapidamente vegetações, instalações e causando queimaduras de terceiro grau em suas vítimas. Além disso, a queima do napalm libera gases tóxicos e gera danos consideráveis ao meio ambiente, contaminando solo, ar e rios. O seu aspecto gelatinoso torna a queima lenta, com temperaturas que podem ultraar os 1000 °C, causando privação de oxigênio, por consumir rapidamente o oxigênio disponível em seu entorno.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre napalm
- 2 - O que é napalm?
- 3 - Para que serve o napalm?
- 4 - Composição do napalm
- 5 - Como é feito o napalm?
- 6 - Napalm é proibido?
- 7 - Poder de destruição do napalm
- 8 - Napalm na Guerra do Vietnã
- 9 - Curiosidades sobre o napalm
Resumo sobre napalm
- Napalm é um pó formado por sais de alumínio derivados dos ácidos naftênico e palmítico, sendo utilizado para espessar a gasolina.
- A mistura foi desenvolvida em 1942, na Universidade de Harvard, por uma equipe liderada pelo químico Louis Fieser, durante a Segunda Guerra Mundial.
- O napalm é utilizado para espessar a gasolina, tornando-a uma arma tática para remover vegetações e instalar medo.
- A primeira versão do napalm é formada por sais de alumínio e gasolina (napalm-A), enquanto a versão atual é formada por benzeno, poliestireno e gasolina (napalm-B).
- O napalm clássico é obtido por meio da reação de saponificação (etapa 1), seguida da reação de aluminização (etapa 2).
- A utilização do napalm não é proibida, mas o Protocolo III da Convenção sobre Certas Armas Convencionais, das Nações Unidas, restringe seu uso a militares, vetando o seu uso contra civis.
- A queima do napalm deixa um grande rastro de destruição em vegetações e estruturas em minutos, causando queimaduras de terceiro grau nas vítimas e liberando gases tóxicos que levam à morte por asfixia.
- O napalm foi utilizado na Guerra do Vietnã para neutralizar o grupo de guerrilha Vietcongues, destruindo a vegetação, utilizada como escudo natural, aldeias e instalações.
O que é napalm?
O napalm, em sua origem, é uma mistura de sais de alumínio, também conhecido como sabão de alumínio, que são utilizados como agentes espessantes de combustíveis para aumentar a eficiência de armas incendiárias, tais como bombas aéreas e lança-chamas.
O termo “napalm” é um acrônimo dos nomes dos ácidos utilizados na primeira composição da mistura (“na”, de naftênico, e “palm”, de palmítico). O ácido naftênico é derivado do petróleo bruto e o ácido palmítico é derivado do óleo de coco.
Essa mistura foi desenvolvida na Universidade de Harvard, em 1942, por uma equipe liderada pelo químico Louis Fieser, em um projeto que era parte do Serviço de Guerra Química dos EUA. O principal objetivo de Fieser e sua equipe era encontrar uma alternativa ao látex (borracha natural), o primeiro espessante utilizado para aumentar a viscosidade da gasolina nas armas incendiárias, mas que se tornou escasso e extremamente caro durante a Segunda Guerra Mundial.
A mistura gelatinosa apresentou vantagens, pois permitiu aumentar o alcance das armas incendiárias devido a uma maior dispersão do combustível e melhor aderência ao alvo, com temperaturas que podiam ultraar os 800 °C durante a queima.
Atualmente, o termo “napalm” se tornou genérico e segue sendo atribuído à mistura espessada de gasolina, devido à relação estabelecida entre o termo e o poder de destruição que ficou marcado na história. A nova formulação, que contém benzeno, poliestireno e gasolina, é chamada de napalm-B, supernapalm ou NP2.
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Para que serve o napalm?
O napalm atua como um espessante de combustíveis, tornando o líquido mais viscoso. Essa mistura é utilizada em armas incendiárias, como lança-chamas e bombas, para aumentar a sua eficiência e alcance, como mostra a imagem abaixo.

O combustível espessado adere melhor ao alvo sem sofrer espalhamento, tal como ocorre na gasolina devido a sua baixa viscosidade. Outra vantagem do combustível espessado é a sua persistência incendiária, maior quando comparada ao do combustível de partida.
Composição do napalm
O napalm original, também chamado de napalm-A, era uma substância impura, formada por:
- sabão de alumínio, derivado dos ácidos naftênico e palmítico, e
- os subprodutos gerados no processo de obtenção do sabão metálico.
O napalm-B, como é chamada a atual formulação, é composto por:
- 50% de poliestireno;
- 25% de benzeno;
- 25% de gasolina de baixa octanagem.
Essa nova formulação teve o objetivo de tornar o napalm mais seguro, permitindo um maior controle da sua ignição, e quanto maior o percentual do polímero na sua composição, mais difícil é de acender.
Como é feito o napalm?
O napalm é feito pela reação de saponificação, seguida da aluminização. Inicialmente, os ácidos são extraídos de suas fontes naturais e submetidos a um tratamento com excesso de base, como descrito abaixo.
RCOOH + NaOH → RCOONa + H2O
Na sequência, é realizada a etapa de aluminização, que ocorre com adição de um sal de alumínio e hidróxido de sódio sob agitação para formar o sabão de alumínio, que pode ser mono ou di-hidroxilado.
4 RCOONa + 2 NaOH + Al2(SO4)3 → 2 Al(OH)(RCOO)2 + 3 Na2SO4
2 RCOONa + 4 NaOH + Al2(SO4)3 → 2 Al(OH)2(RCOO) + 3 Na2SO4
No final, a mistura de sabão é filtrada a vácuo e seca sob aquecimento ou pressão reduzida para remover a umidade, originando o sabão metálico em pó que é utilizado como espessante.
Napalm é proibido?
O uso do napalm não é proibido, mas existem restrições sobre a sua utilização em conflitos armados. Essa utilização é regulada pelo Protocolo III da Convenção sobre Certas Armas Convencionais, adotada em 10 de outubro de 1980, na cidade de Genebra. O protocolo III proíbe o uso de armas incendiárias contra civis e objetos civis, incluindo cidades, edifícios habitados, aldeias ou outras áreas com concentração de pessoas. Também há restrições quanto ao uso de armas incendiárias em florestas sem que elas sejam utilizadas para ocultar objetos militares e combatentes.
Como o uso do napalm contra alvos militares não é pela convenção, há uma abertura legal para que nações ainda mantenham arsenais compostos por armas incendiárias. Entretanto, o uso de tais armas em conflitos armados é motivo de debates éticos e humanitários na comunidade internacional, devido a sua ação devastadora e ao sofrimento extremo causado às vítimas.
Poder de destruição do napalm
O poder de destruição do napalm é amplo e está relacionado a sua persistência à queima, decorrente da sua viscosidade e extrema aderência aos alvos, que leva a danos consideráveis às estruturas, vegetações e, principalmente, aos seres humanos.
Quando o napalm é lançado, em projéteis ou bombas aéreas, se espalha na forma de um gel inflamado que adere com facilidade à superfície de construções, vegetação, roupas e pele. Devido à sua baixa viscosidade, a queima do napalm é prolongada por minutos e o calor liberado pode levar a temperaturas que ultraam os 1000 °C, gerando queimaduras de terceiro grau.
Quando entra em combustão, o napalm consome rapidamente o oxigênio disponível ao seu redor e, em ambiente fechado, pode gerar asfixia nas vítimas mesmo antes delas serem atingidas pelas chamas. A queima do napalm leva à formação de espécie química tóxicas e poluentes, das quais se destacam o dióxido de carbono e o monóxido de carbono, comumente formados na queima de combustíveis fósseis.
Considerando a composição clássica do napalm, que continha sabões de alumínio, os danos não se limitam à destruição da vegetação pelo fogo. A liberação excessiva de alumínio gera impactos ambientais significativos, levando ao empobrecimento do solo e desencadeando processos de erosão, além de contaminação do ar.
Na composição atual, a queima do napalm faz com que o poliestireno seja convertido em estireno, que é tóxico e pode causar irritação cutânea, ocular e do trato respiratório.
Napalm na Guerra do Vietnã
O napalm foi largamente utilizado na Guerra do Vietnã, que ocorreu entre 1959 e 1975, e fazia parte da estratégia de combate aos Vietcongues, um grupo de guerrilha vietnamita que se insurgiu contra o Vietnã do Sul, apoiado pelos Estados Unidos.
Os Vietcongues tinham tácticas de combate que envolviam o uso de túneis subterrâneos para emboscadas e utilização da vegetação da floresta tropical como escudo natural. Diante disso, os americanos começaram a utilizar o napalm para queimar a vegetação e atacar alvos estratégicos. Os ataques eram feitos por aviões e helicópteros que lançavam bombas incendiárias, que, ao explodirem, lançavam o gel inflamado sobre a vegetação, consumida rapidamente pelo fogo.

Cidades inteiras e aldeias de camponeses foram incendiadas pelas bombas americanas, deixando um rastro de destruição. Quando lançado, o napalm aderia a roupas e pele das vítimas, provocando queimaduras profundas que levavam a uma morte lenta diante das dores ináveis.
Não havia distinção entre civis e militares e os sobreviventes dos ataques carregavam no corpo as marcas da crueldade. As imagens de civis carbonizados e crianças vítimas dos ataques correram o mundo, fazendo com que a opinião pública reagisse fortemente contra a ação americana.
Um desses registros, feito pelo fotógrafo Nick Ut, em 8 de junho de 1972, tornou-se icônico. O registro mostrava Phan Thi Kim Phúc, uma criança de nove anos que aparece correndo para fugir da sua aldeia após um bombardeio de napalm. A imagem, vista abaixo, ficou conhecida por A Garota Napalm:

O uso do napalm durante a Guerra do Vietnã levou a fortes debates sobre a ética e a necessidade da guerra, com protestos e campanhas pacifistas nos Estados Unidos que exigiam o fim da guerra, além da proibição de armas incendiárias.
A onda de debate levou as Nações Unidas a proporem a Convenção sobre Certas Armas Convencionais, adotada de 1980 e que teve o objetivo de estabelecer regras para proteger civis de ataques em conflitos armados. O Protocolo III da convenção trata especificamente de armas incendiárias.
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Curiosidades sobre o napalm
Entre as curiosidades que envolvem o napalm, está a repercussão gerada pelos registros da Guerra do Vietnã. O napalm e seu poder destrutivo foi imortalizado nas telas do cinema, por meio do icônico filme Apocalype Now, de 1979, escrito por John Milius e dirigido por Francis Ford Coppola.
O filme retrata a Guerra do Vietnã e tem seu momento icônico na cena em que o capitão Bill Kilgore, em meio a um cenário digno de um apocalipse, profere a célebre frase: “Eu adoro o cheiro de nepalm pela manhã”. A frase foi considerada a 12° maior frase do cinema pela American Filme Institute (AFI), em uma lista das 100 maiores citações de filmes de todos os tempos (publicada originalmente, como 100 Movie Quotes).
O filme é considerado, até hoje, o melhor filme de guerra já produzido e foi colocado na sétima posição pela revista Empire, em uma lista com os 500 melhores filmes de todos os tempos (Empire's 500 Greatest Movies of All Time).
Apocalype Now ganhou a Palma de Ouro de 1979 como melhor filme, e, no ano seguinte, conquistou duas estatuetas do Oscar, nas categorias de Melhor Mixagem de Som e Melhor Fotografia. A crítica especializada considera o filme como uma obra controversa, dividindo opiniões sobre ser um filme pró-guerra ou antiguerra.
Créditos da imagem
[1] Kuba Puchajda/ Shutterstock
Fontes
AFI. 100 movie quotes. Disponível em: https://www.afi.com/afis-100-years-100-movie-quotes/
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